Em Brasília, no dia 31 de maio, Armando Dantas, diretor executivo da Santa Luzia Redes e Decoração esteve no grupo da Associação Brasileira da Indústria da Moda Sustentável (Abrimos) em reunião com representantes da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), e do Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e da Moda Brasileira (TexBrasil).
No grupo da Abrimos, além de Dantas, estiveram presentes Lu Bulcão, da marca Dona Rufina (RS), e Robério Burity, prefeito do município de Ingá-PB, e Pryscilla Dora, do Instituto de Incubação e Aceleração (IA). O objetivo da reunião foi a apresentação de um projeto de apoio para a internacionalização das marcas associadas da Abrimos. No projeto, constam 26 empresas das regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. Entre elas, 12 ainda estão buscando capacitação para exibir seus produtos no mercado internacional.
De acordo com a presidente da entidade, que também é CEO da marca Natural Cotton Color, o projeto tem como objetivo reunir os associados para que, juntos, possam representar o país como modelo de sustentabilidade. “Trata-se de um segmento na Indústria e que tem como principal característica o desenvolvimento sustentável em seus Arranjos Produtivos Locais (APL)”.
A produção orientada pela sustentabilidade gera mais custos
Na reunião, Dantas declarou a importância da abertura de mercado para empresas que trabalham orientadas pela sustentabilidade. Seu objetivo é retomar a participação da Santa Luzia nas feiras internacionais, expandindo os negócios para além dos 20 países que já atende como exportador. “Apesar de já ter tido experiência com a exibição dos produtos no exterior com apoio da ApexBrasil, o custo ainda é muito alto para o tamanho da nossa empresa”, disse.
O projeto de internacionalização solicita apoio mais efetivo para exibição em feiras e eventos internacionais com uma contrapartida menor, já que a produção orientada pela sustentabilidade — como a da Santa Luzia — envolve mais custos que uma produção tradicional. Isso acontece por vários motivos, seja pela baixa escala da produção artesanal, pela matéria-prima certificada, ou pelo pagamento justo para a cadeia produtiva. Pryscilla, diretora do IA e proponente do projeto, confirmou que é preciso um novo modelo de fomento já que “as instituições não estão atendendo as necessidades das micro, pequenas e médias empresas que têm peculiaridades em seus modos de produção”.
A sustentabilidade deve também considerar a preservação cultural
Na reunião, Dantas apresentou uma rede de dormir produzida com o algodão orgânico da Paraíba premiada com o selo excelência artesanal (veja aqui a rede Trancê). O produto impressionou Jorge Viana, diretor da ApexBrasil pela beleza e pela qualidade. A produção da rede envolve desde o plantio do algodão pela agricultura familiar — com contrato de compra garantida — até o trabalho manual feito por mulheres em suas casas que estão até 400 km distantes da fábrica. “Quando ampliamos o mercado, geramos mais oportunidades para toda a cadeia produtiva”, enfatizou.
Lu Balcão declarou que a preservação dos saberes ancestrais é base para a moda sustentável. Na reunião esteve em defesa da APL da lã produzida no Rio Grande Sul e o trabalho manual envolvido na produção de bolsas e acessórios. “Estamos pedindo atenção para a lã do Rio Grande Sul inspirados no APL do algodão da Paraíba, um caso de sucesso do setor têxtil”.
Robério Burity, prefeito de Ingá, também destacou o APL da sua região que atua desde o plantio do algodão até a produção do artesanato labirinto em Chã dos Pereira. E ressaltou que para o artesanato se manter vivo, precisa dialogar com o design, seja na moda ou na decoração, para agregar mais valor. O gestor pediu atenção para os negócios sustentáveis, de produção artesanal e cultural. “Precisamos de uma contrapartida menor para as microempresas, associações e cooperativas exporem em outros países. O ideal seria 90% de apoio da ApexBrasil e 10% de contrapartida das empresas”, concluiu.